Um cão labrador conseguiu detectar um câncer de intestino pelo cheiro do hálito e de amostras de fezes em uma pesquisa realizada no Japão. O estudo, publicado pela revista especializada "Gut", indicou que o animal foi capaz de identificar a doença mesmo em suas fases iniciais.
Marine, um labrador retriever de cinco anos e meio, poderá salvar muitas vidas graças ao seu olfato apurado.
Pertencente ao japonês Yuji Sato, o cão tem um hipersensibilidade que permite detectar mais de 18 tipos diferentes de câncer ao farejar a respiração de uma pessoa.
Outras pesquisas já haviam sugerido anteriormente que os cães são capazes de farejar câncer de pele, de bexiga, de pulmão, de ovários e de mama. Acredita-se que a biologia do tumor inclui um cheiro distinto, e uma série de estudos já usou cachorros para tentar detectá-los. Os pesquisadores da Universidade Kyushu, no Japão, dizem que seria difícil e custoso usar cachorros em testes de rotina para detectar câncer, mas que o estudo poderia levar ao desenvolvimento de sensores eletrônicos no futuro.
Amostras
Para realizar o estudo, foram coletadas amostras de fezes e de respiração (através de sacos especialmente concebidos para o experimento) de 48 pacientes com câncer de intestino e de 258 pessoas sem nenhuma doença ou com histórico de câncer.
Na pesquisa, o labrador Marine, foi apresentado a cinco amostras, uma das quais era de um paciente com câncer e quatro de pessoas saudáveis. Nos testes com amostras de hálito o animal detectou a amostra com câncer em 33 de 36 vezes. Com as amostras de fezes, o cachorro acertou 37 das 38 vezes.
A precisão do cachorro impressionou os cientistas. Ele identificou corretamente 91% e 97% das amostras de ar e de fezes cancerosas, respectivamente, enquanto ignorou 99% das amostras livres de câncer. Suas reações eram exatas até mesmo quando o paciente era fumante ou possuía doenças do intestino que poderiam liberar odor. Mesmo o câncer de intestino em estágio inicial foi detectado, o que é conhecidamente difícil. Segundo alguns estudos, os testes mais comuns para detectar câncer de intestino, que tentam identificar pequenas quantidades de sangue nas fezes, revelam apenas um em cada dez casos em estágio inicial.
Pode ser difícil introduzir o julgamento do faro canino na prática clínica por conta do custo e do tempo necessário para o treinamento do cão. A habilidade do faro pode variar entre os cães e também no mesmo cão em dias diferentes.
Nariz eletrônico
Algumas pesquisas anteriores já indicaram o potencial de um 'nariz canino eletrônico' para a realização de testes para identificar o câncer pelo cheiro.O cheiro específico do câncer existe, mas os componentes químicos (que provocam o odor característico) não estão claros. Somente o cachorro conhece a resposta. Por isso é necessário identificar os compostos orgânicos voláteis específicos detectados pelos cães para desenvolver um sensor precoce de câncer.
O desenvolvimento de um sensor do tipo ainda vai exigir tempo e novas pesquisas.
Os médicos ressaltam que muito tempo e dinheiro são necessários para treinar “cães farejadores de câncer”, o que inviabiliza a sua utilização em larga escala. A expectativa é de que os resultados do estudo ajudem na identificação dos componentes químicos que os cães detectam e, a partir disso, no desenvolvimento de um sensor capaz de diagnosticar precocemente a doença. O cão foi treinado para se sentar na frente da amostra, caso detectasse o câncer. A cada resposta certa, ganhava uma recompensa: um jogo de pega-pega com uma bola de tênis.
Fontes: G1 / Hypescience
Nenhum comentário:
Postar um comentário