Eram 08h16min do dia 06 de agosto de 1945. “Meu Deus, o que foi que nós fizemos?”. Essa foi a interrogação de um dos tripulantes do Enola Gay, após ver a devastação causada pela bomba atômica, lançada em Hiroshima no Japão, que pôs fim na Segunda Guerra Mundial. Enola Gay foi o nome dado ao avião norte-americano B-29 pelo seu comandante em homenagem à própria mãe. No dia 09 outra bomba foi lançada, dessa vez em Nagasaki, também no Japão.
Morreram cerca de 100 mil pessoas em Hiroshima e 80 mil em Nagasaki. Entre as vítimas, estavam civis e cidadãos comuns, pois nenhuma das duas cidades era alvo militar de grande importância e foram preservadas para o grande teste de poder destrutivo da bomba, que nunca havia sido lançada sobre humanos e estas cidades estavam localizadas em pontos estratégicos, com boas condições de tempo e nuvens, o que facilitaria o lançamento dos aviões.
O motivo para tanta destruição foi a guerra do Pacífico, protagonizada pelo Japão e Estados Unidos, no contexto do término da Segunda Guerra Mundial. Houve tentativa de resistência por parte dos generais japoneses, inicialmente, pela suspeita de não se tratar realmente de uma bomba nuclear, mas, estes foram convencidos pelo próprio imperador Hiróito a se renderem.
Em 15 de agosto de 1945 ecoavam-se nas ondas de rádio do Japão a notícia de que o país havia se rendido incondicionalmente. Em 02 de setembro a suposta paz foi assinada na Baía Tóquio. É chegada ao fim a Segunda Guerra Mundial, com um saldo de 50 milhões de mortos, distribuídos em seis anos de confrontos. Com isso, a bomba atômica representou o maior capítulo de uma série de episódios desumanos provocados pela Segunda Guerra Mundial.
A bomba atômica foi resultado de três anos de pesquisa, o que consumiu 02 bilhões de dólares e concentrou uma força de explosão equivalente a 67 milhões de bananas de dinamite, com um peso superior a 04 toneladas, que inicialmente foi projetada para ser usada contra a Alemanha Nazista, mas, que acabou tendo como alvo o Japão.
O funcionamento da bomba atômica parte do princípio da fissão nuclear, onde um explosivo nuclear de Urânio 235 enriquecido atinge outro explosivo, também de Urânio 235 ocasionando a quebra do núcleo do átomo, liberando uma enorme quantidade de energia.
Na fissão, um nêutron de um átomo de urânio atinge o núcleo de outro átomo, dividindo-o em dois e liberando mais nêutrons, que segue dividindo novos núcleos, numa reação em cadeia que gera grande quantidade de energia e calor. A explosão provoca uma chuva de nêutrons, raios gama e partículas radioativas, que desorganizam as células dos seres vivos. A radioatividade contamina a água e o ar, que com ondas de choque e calor, destroem tudo.
Os explosivos nucleares se concentram nas extremidades da bomba e necessitam de um dispositivo a base de pólvora, para produzir a compactação dos blocos de urânio, fazendo com que atinjam a massa crítica necessária para a explosão, o que dá início a uma reação nuclear. No caso de Hiroshima, os dispositivos foram três plugues de armação, que fizeram com que o circuito de fusão deflagrasse a arma e a forçasse a detonar, depois de decorridos 43 segundos de queda livre da bomba. Os gatilhos barométricos começaram a ativar o mecanismo, disparando uma bala de urânio que penetrou o alvo também de urânio e deu inicio a uma reação nuclear em cadeia. A matéria sólida começou a se desfazer, liberando uma quantidade enorme de energia.
A bomba destrói em estágios, provocando um enorme clarão vindo de uma bola de fogo com aproximadamente 300m de raio. Em Hiroshima, no ponto da explosão, a temperatura chegou a 4000° C. Escadas, ferrovias e até pessoas, deixaram apenas suas silhuetas impregnadas em pedra e metal. Qualquer pessoa que estivesse ao ar livre se evaporava ou virava carvão em instantes. A luz emitida enviava radiações infravermelhas e raios gama, que penetravam as paredes e atavam as células do corpo humano. Uma onda potente se moveu à velocidade do som, reduzindo a cacos tudo o que estivesse ao seu alcance.
Fonte: Discovery Channel – BBC, engenhariae.com.br
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