Uma corrente de vento solar atingiu a Terra durante a última sexta-feira (24/10) e estendeu seus efeitos sobre o planeta durante todo o final de semana, confirmando previsões anteriores da Noaa (agência de oceanografia e meteorologia dos EUA).
O telescópio Soho, da Nasa (agência espacial dos EUA), captou três fortes erupções na superfície solar nas 24 horas que antecederam o fenômeno.
Essas tempestades magnéticas podem afetar redes de transmissão elétrica, comunicação entre satélites e telefones celulares e sistemas de navegação eletrônica, como o GPS (Sistema de Posicionamento Global).
Os cientistas da Noaa não detectaram sobre o planeta nenhum efeito negativo da erupção, mas eles prevêem novas erupções solares nos próximos dias.
Para prever essas tempestades magnéticas, os cientistas observam o comportamento da superfície do Sol e procuram por verdadeiras "labaredas" --as erupções solares. Algum tempo depois da liberação de energia, quando as cargas de íons se aproximam da Terra, é possível captar ondas eletromagnéticas mais intensas.
O sistema que mede a atividade solar é semelhante ao dos terremotos: as erupções são medidas em uma escala de um a cinco. A tempestade magnética deste final de semana alcançou o grau G-3, o que era previsto pela Noaa.
Apesar de representar um risco para as telecomunicações da Terra, o vento solar torna mais intenso o espetáculo visual das auroras polares, que podem ser vistas nos céus nas regiões dos pólos.
Explicação do fenômeno
As radiações cósmicas ocorrem quando a atividade solar está no máximo, o que provoca as chamadas tempestades solares. Esse fenômeno é raro, ocorrendo em média a cada onze anos. Já o fenômeno das bolhas inonosféricas, acontece com o pôr do sol, no dia-a-dia, variando sazonalmente, ou seja, de acordo com a posição da Terra em relação ao movimento de translação referente ao Sol.
A Terra recebe radiação cósmica de diferentes energias, vindas do espaço interplanetário e galáctico, porém um tipo de radiação cósmica de baixa energia - elétrons, prótons e íons, com energia igual ou menor a 1 Gigaeletronvolt (GeV), chega do Sol pelas chamadas tempestades solares.
Estas tempestades consistem em erupções na superfície solar que liberam matéria acumulada (as manchas solares) no campo magnético solar. A matéria liberada nessas tempestades é o plasma quente, que são prótons e elétrons e íons, que não formaram nenhum átomo neutro e constituem, basicamente, gás eletrificado.
Essas partículas liberadas, ao se aproximarem da Terra, sofrem influência do campo magnético terrestre uma região grande que circunda a Terra, no qual o vento solar é acelerado. O campo magnético terrestre não se estende indefinidamente, mas é limitado a uma cavidade no interior do sistema solar chamada magnetosfera ou invólucro magnético.
Essas partículas, de acordo com a energia de chegada, são aprisionadas nas linhas de campo magnético da Terra, fazendo três movimentos. O primeiro, de giro em torno da linha de campo magnético; o segundo, de vai e vem (bounce) entre os pólos e o terceiro, de deslocamento azimutal (que é o ângulo formado a partir de uma direção fixa no terreno) em torno da Terra. Essas condições entre velocidade ou energia de chegada e o valor do campo magnético encontrado, possibilita a essa radiação solar, com os três movimentos descritos, configurar os chamados cinturões de radiação da Terra.Quando o Sol apresenta um número grande de erupções solares (solar flares), parte dessas radiações são ejetadas ao espaço (Coronal Mass Ejection - CME), atingindo a Terra. Os cinturões de radiação se enchem e transbordam, através de injeção de plasma para a magnetosfera terrestre, ionizando em demasia as regiões mais baixas da atmosfera como a ionosfera e mesosfera (camadas intermediárias da atmosfera).
Consequências
Essa ionização traz diversas conseqüências para a Terra principalmente nas telecomunicações e mudanças climáticas.
Os efeitos das tempestades solares nos modernos sistemas de telecomunicações, se dão pelas interferências nas ondas eletromagnéticas, podendo inclusive prejudicar materiais como circuitos integrados, computadores de bordo, satélites, foguetes e balões estratosféricos.
A tempestade solar ocorrida em 1989, por exemplo, atingiu o Canadá deixando quase seis milhões de canadenses sem energia elétrica. Onze anos depois, em 2000, o satélite brasileiro Brasilsat sofreu interrupções em seu funcionamento devido a uma forte tempestade solar. O fluxo magnético vindo do sol pode provocar fortes ondas de descarga elétrica nos cabos de transmissão de força, causando curto-circuitos e queimando equipamentos.
Curiosidades
• A cada 11 anos, o sol entra em um turbulento ciclo, representando a época mais propícia para que o planeta sofra uma tempestade solar.
• O próximo máximo solar ocorrerá no ano 2011.
• Uma potente tempestade solar é capaz de paralisar por completo a rede elétrica das grandes cidades, uma situação que poderia durar semanas, meses e até anos.
• A cidade de Nova York possui a rede elétrica mais vulnerável da costa leste dos Estados Unidos.
• As tempestades solares podem causar interferências nos sinais de rádio, afetar os sistemas de navegação aéreos, danificar as linhas telefônicas e inutilizar satélites por completo.
• Em março de 1989, a cidade de Quebec, no Canadá, foi atingida por uma forte tempestade solar. Seis milhões de pessoas foram afetadas por um grande apagão, que durou 90 segundos. A rede elétrica de Montreal ficou paralisada durante mais de nove horas. Os danos que o apagão provocou, junto com as perdas provocadas pela falta de energia, chegaram a centenas de milhões de dólares.
• Em setembro de 1859, uma intensa tempestade solar afetou a maior parte do planeta. As linhas telegráficas dos Estados Unidos e do Reino Unido ficaram inutilizadas e provocaram vários incêndios. Além disso, uma impressionante aurora boreal, fenômeno que normalmente só pode ser observado nas regiões árticas, pôde ser visto em lugares tão distantes quanto Roma e Havaí.
• Há 144 anos, ocorreu a pior tempestade solar de que se teve notícia. Na época, seus efeitos foram imperceptíveis pois não existiam equipamentos que dependessem diretamente dos satélites ou da rede elétrica.
Fontes: UOL / Discovery Channel / Com Ciência
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